DIFERENÇA ENTRE SURDOCEGUEIRA E DEFICIÊNCIA
MÚLTIPLA
Mabel Milany Leão
A
PESSOA COM SURDOCEGUEIRA
Para
entender o que é surdocegueira, faz-se necessária uma explicação sobre a sua grafia.
Conforme Lagati (1995), a
Surdocegueira
é uma condição que apresenta outras dificuldades além daquelas causadas pela cegueira e pela surdez. O termo hifenizado indica uma condição
que somaria as dificuldades da surdez e da cegueira. A palavra sem hífen
indicaria uma diferença,
uma condição única e o impacto da perda dupla é
multiplicativo e não aditivo.
Para
McInnes (1999), a premissa básica é que a surdocegueira é uma deficiência única
que requer uma abordagem específica para favorecer a pessoa com surdocegueira e
um sistema para dar este suporte. O referido autor subdivide as pessoas com
surdocegueira em quatro categorias:
1- Indivíduos que eram cegos e se
tornaram surdos;
2-Indivíduos que eram surdos e se
tornaram cegos;
3- Indivíduos que se tornaram
surdocegos;
4-Indivíduos que
nasceram ou adquiriram surdocegueira
precocemente, ou
seja, não tiveram a oportunidade de desenvolver linguagem, habilidades
comunicativas ou cognitivas nem base conceitual sobre a qual possam construir
uma compreensão de mundo.
CAUSAS DA
SURDOCEGUEIRA CONGÊNITA:
Origem pré-natal - Rubéola
Materna, Toxoplasmose, Drogas teratogênicas (são as drogas capazes de causar
malformação no feto quando tomadas durante a gravidez), Incompatibilidade
sanguínea.
Lesões neonatais -
Prematuridade, Anóxia,
Origem genética - Síndrome de
Usher (é uma doença genética que causa surdez e cegueira) Síndrome Charge (é
uma síndrome causada
por defeitos genéticos).
-A síndrome CHARGE é a principal causa de surdocegueira
congênita.
-Sendo a mais frequente entre essas a
rubéola materna.
ADQUIRIDA: A pessoa nasce ouvinte e vidente, surda ou cega e
por fatores diversos adquire a surdocegueira.
CAUSAS DA
SURDOCEGUEIRA ADQUIRIDA
·
Infecções: Meningite, Sarampo, Otites Graves, Sífilis,
·
Acidentes, tumorações, etc.
TIPOS DE
SURDOCEGUEIRA:
·
Cegueira congênita e surdez adquirida
·
Surdez congênita e cegueira adquirida
·
Cegueira e surdez congênita
·
Cegueira e surdez adquirida
·
Baixa visão com surdez congênita ou adquirida
O
mesmo autor (1999) relata que muitos indivíduos com surdocegueira congênita ou que
a adquiram precocemente têm deficiências associadas como: físicas e
intelectuais. Estas quatro categorias podem ser agrupadas em Surdocegos
Congênitos ou Surdocegos Adquiridos. E dependendo da idade em que a surdocegueira se estabeleceu pode-se
classificá-la em Surdocegos Pré-lingüísticos ou Surdocegos Pós-lingüísticos.
A PESSOA COM DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA
São consideradas pessoas com deficiência múltipla
aquelas que “têm mais de uma deficiência associada”. É uma condição heterogênea
que identifica diferentes grupos de pessoas, revelando associações diversas de
deficiências que afetam, mais ou menos intensamente, o funcionamento individual
e o relacionamento social.
(MEC/SEESP, 2002).
As características específicas apresentadas pelas pessoas com deficiência
múltipla lançam desafios à escola e aos profissionais que com elas trabalham no
que diz respeito à elaboração de situações de aprendizagem a serem
desenvolvidas para que sejam alcançados resultados positivos ao longo do processo
de inclusão. Esses alunos constituem um
grupo com características específicas e peculiares e, consequentemente, com
necessidades únicas. Por isso, faz-se necessário dar atenção a dois aspectos importantes:
a comunicação e o posicionamento.
COMUNICAÇÃO
Todas as interações de comunicação e atividades de
aprendizagem devem respeitar a individualidade e a dignidade de cada aluno com
deficiência múltipla. Isto se refere a pessoas que possuem como característica
a necessidade de ter alguém que possa mediar seu contato com o meio. Assim,
ocorrerá o estabelecimento de códigos comunicativos entre o deficiente múltiplo
e o receptor. Esse mediador terá a responsabilidade de ampliar o conhecimento
do mundo ao redor dessa pessoa, visando a lhe proporcionar autonomia e
independência.
Todas as pessoas se comunicam, ainda que em
diferentes níveis de simbolização e com formas de comunicação diversas; assim,
considera-se que qualquer comportamento poderá ser uma tentativa de
comunicação. Dessa maneira, é preciso estar atento ao contexto no qual os
comportamentos, as manifestações ocorrem e sua frequência, para assim compreender
melhor o que o aluno tem a intenção de comunicar e responder.
NECESSIDADES DAS PESSOAS COM SURDOCEGUEIRA E COM
DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA
O corpo é a realidade mais imediata do ser humano.
A partir e por meio dele, o homem descobre o mundo e a si mesmo. Portanto,
favorecer o desenvolvimento do esquema corporal da pessoa com surdocegueira ou
com deficiência múltipla é de extrema importância.
Para que a pessoa possa se auto perceber e perceber
o mundo exterior, devemos buscar a sua verticalidade, o equilíbrio postural, a
articulação e a harmonização de seus movimentos; a autonomia em deslocamentos e
movimentos; o aperfeiçoamento das coordenações viso motora, motora global e fina;
e o desenvolvimento da força muscular.
As pessoas com surdocegueira e com deficiência múltipla,
que não apresentam graves problemas motores, precisam aprender a usar as duas
mãos. Isso para servir como tentativa de minorar as eventuais estereotipias
motoras e pela necessidade do uso de ambas para o desenvolvimento de um sistema
estruturado de comunicação.
Devido às dificuldades fonoarticulatórias, motoras
ou mesmo neurológicas, é comum nessas
pessoas algum tipo de limitação na comunicação e no processamento e elaboração das
informações recolhidas do seu entorno. Isso pode resultar em prejuízos no
processo de simbolização das experiências vividas, por acarretar carência de sentido
para as mesmas.
Prioritariamente deve-se, portanto, disponibilizar
recursos para favorecer a aquisição da linguagem estruturada no registro
simbólico, tanto verbal quanto em outros registros, como o gestual, por
exemplo.
Mesmo quando a deficiência predominante não é na
área intelectual, todo trabalho com o aluno com deficiência múltipla e com
surdocegueira implica em constante interação com o meio ambiente. Este processo
interacional é prejudicado quando as informações sensoriais e a organização do
esquema corporal são deficitárias. Prever a estimulação e a organização desses meios
de interação com o mundo deve fazer parte do Plano de AEE.
Referências:
Bosco,
Ismênia Carolina Mota Gomes. A Educação Especial na Perspectiva da
Inclusão
Escolar : surdocegueira e deficiência múltipla / Ismênia Carolina Mota Gomes
Bosco, Sandra Regina Stanziani Higino Mesquita, Shirley Rodrigues Maia. -
Brasília : Ministério da Educação,
Secretaria
de Educação Especial ; [Fortaleza] :
Universidade
Federal do Ceará, 2010.
v. 5. (Coleção
A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar)
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