quarta-feira, 23 de abril de 2014

DIFERENÇA ENTRE SURDOCEGUEIRA E DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA


DIFERENÇA ENTRE SURDOCEGUEIRA E DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA

                                               Mabel Milany Leão



A PESSOA COM SURDOCEGUEIRA



Para entender o que é surdocegueira, faz-se necessária uma explicação sobre a sua grafia. Conforme Lagati (1995), a

Surdocegueira é uma condição que apresenta outras dificuldades além daquelas causadas pela cegueira e pela surdez. O termo hifenizado indica uma condição que somaria as dificuldades da surdez e da cegueira. A palavra sem hífen indicaria uma diferença,
uma condição única e o impacto da perda dupla é multiplicativo e não aditivo.

Para McInnes (1999), a premissa básica é que a surdocegueira é uma deficiência única que requer uma abordagem específica para favorecer a pessoa com surdocegueira e um sistema para dar este suporte. O referido autor subdivide as pessoas com surdocegueira em quatro categorias:

1- Indivíduos que eram cegos e se tornaram surdos;

2-Indivíduos que eram surdos e se tornaram cegos;

3- Indivíduos que se tornaram surdocegos;

4-Indivíduos que nasceram ou adquiriram surdocegueira
precocemente, ou seja, não tiveram a oportunidade de desenvolver linguagem, habilidades comunicativas ou cognitivas nem base conceitual sobre a qual possam construir uma compreensão de mundo.

CAUSAS DA SURDOCEGUEIRA CONGÊNITA:

Origem pré-natal - Rubéola Materna, Toxoplasmose, Drogas teratogênicas (são as drogas capazes de causar malformação no feto quando tomadas durante a gravidez), Incompatibilidade sanguínea.
 Lesões neonatais - Prematuridade, Anóxia,

Origem genética - Síndrome de Usher (é uma doença genética que causa surdez e cegueira) Síndrome Charge (é uma síndrome causada por defeitos genéticos).
-A síndrome CHARGE é a principal causa de surdocegueira congênita.
-Sendo a mais frequente entre essas a rubéola materna.

ADQUIRIDA: A pessoa nasce ouvinte e vidente, surda ou cega e por fatores diversos adquire a surdocegueira.

CAUSAS DA SURDOCEGUEIRA ADQUIRIDA

·        Infecções: Meningite, Sarampo, Otites Graves, Sífilis,
·        Acidentes, tumorações, etc.

TIPOS DE SURDOCEGUEIRA:

·                   Cegueira congênita e surdez adquirida
·                   Surdez congênita e cegueira adquirida
·                   Cegueira e surdez congênita
·                   Cegueira e surdez adquirida
·                   Baixa visão com surdez congênita ou adquirida                      

O mesmo autor (1999) relata que muitos indivíduos com surdocegueira congênita ou que a adquiram precocemente têm deficiências associadas como: físicas e intelectuais. Estas quatro categorias podem ser agrupadas em Surdocegos Congênitos ou Surdocegos Adquiridos. E dependendo da idade em que a surdocegueira se estabeleceu pode-se classificá-la em Surdocegos Pré-lingüísticos ou Surdocegos Pós-lingüísticos.

A PESSOA COM DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA





São consideradas pessoas com deficiência múltipla aquelas que “têm mais de uma deficiência associada”. É uma condição heterogênea que identifica diferentes grupos de pessoas, revelando associações diversas de deficiências que afetam, mais ou menos intensamente, o funcionamento individual e o relacionamento social.
(MEC/SEESP, 2002).
As características específicas apresentadas pelas pessoas com deficiência múltipla lançam desafios à escola e aos profissionais que com elas trabalham no que diz respeito à elaboração de situações de aprendizagem a serem desenvolvidas para que sejam alcançados resultados positivos ao longo do processo de inclusão.  Esses alunos constituem um grupo com características específicas e peculiares e, consequentemente, com necessidades únicas. Por isso, faz-se necessário dar atenção a dois aspectos importantes: a comunicação e o posicionamento.


COMUNICAÇÃO

Todas as interações de comunicação e atividades de aprendizagem devem respeitar a individualidade e a dignidade de cada aluno com deficiência múltipla. Isto se refere a pessoas que possuem como característica a necessidade de ter alguém que possa mediar seu contato com o meio. Assim, ocorrerá o estabelecimento de códigos comunicativos entre o deficiente múltiplo e o receptor. Esse mediador terá a responsabilidade de ampliar o conhecimento do mundo ao redor dessa pessoa, visando a lhe proporcionar autonomia e independência.
Todas as pessoas se comunicam, ainda que em diferentes níveis de simbolização e com formas de comunicação diversas; assim, considera-se que qualquer comportamento poderá ser uma tentativa de comunicação. Dessa maneira, é preciso estar atento ao contexto no qual os comportamentos, as manifestações ocorrem e sua frequência, para assim compreender melhor o que o aluno tem a intenção de comunicar e responder.


NECESSIDADES DAS PESSOAS COM SURDOCEGUEIRA E COM
DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA

O corpo é a realidade mais imediata do ser humano. A partir e por meio dele, o homem descobre o mundo e a si mesmo. Portanto, favorecer o desenvolvimento do esquema corporal da pessoa com surdocegueira ou com deficiência múltipla é de extrema importância.
Para que a pessoa possa se auto perceber e perceber o mundo exterior, devemos buscar a sua verticalidade, o equilíbrio postural, a articulação e a harmonização de seus movimentos; a autonomia em deslocamentos e movimentos; o aperfeiçoamento das coordenações viso motora, motora global e fina; e o desenvolvimento da força muscular.
As pessoas com surdocegueira e com deficiência múltipla, que não apresentam graves problemas motores, precisam aprender a usar as duas mãos. Isso para servir como tentativa de minorar as eventuais estereotipias motoras e pela necessidade do uso de ambas para o desenvolvimento de um sistema estruturado de comunicação.
Devido às dificuldades fonoarticulatórias, motoras ou mesmo neurológicas, é comum  nessas pessoas algum tipo de limitação na comunicação e no processamento e elaboração das informações recolhidas do seu entorno. Isso pode resultar em prejuízos no processo de simbolização das experiências vividas, por acarretar carência de sentido para as mesmas.
Prioritariamente deve-se, portanto, disponibilizar recursos para favorecer a aquisição da linguagem estruturada no registro simbólico, tanto verbal quanto em outros registros, como o gestual, por exemplo.
Mesmo quando a deficiência predominante não é na área intelectual, todo trabalho com o aluno com deficiência múltipla e com surdocegueira implica em constante interação com o meio ambiente. Este processo interacional é prejudicado quando as informações sensoriais e a organização do esquema corporal são deficitárias. Prever a estimulação e a organização desses meios de interação com o mundo deve fazer parte do Plano de AEE.


Referências:

Bosco, Ismênia Carolina Mota Gomes. A Educação Especial na Perspectiva da
Inclusão Escolar : surdocegueira e deficiência múltipla / Ismênia Carolina Mota Gomes Bosco, Sandra Regina Stanziani Higino Mesquita, Shirley Rodrigues Maia. - Brasília : Ministério da Educação,
Secretaria de Educação Especial ; [Fortaleza] :
Universidade Federal do Ceará, 2010.

v. 5. (Coleção A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar)

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